segunda-feira, 25 de abril de 2011

Eu ainda odeio branco...

Minha metamorfose é involuntária,
Foi por isso que deixei aquelas páginas em branco.
Não quero descrever aquele momento,
Não quero reviver o que passou.

Aquela luz azul que me mostrava o céu.
Aquele velho coração que nem sabe bater,
Num descompasso, tão desritmado que me fez errar o passo ensaiado.

As páginas ficarão em branco,
Minha memória vai me satisfazer.
Quando minhas lembranças me traírem,
Vão me restar as marcas em meu corpo, elas vão me bastar.

Quando as páginas amarelarem,
Minha saudade me atraiçoar,
Vou querer ler as páginas que, em branco, me contarão minha história.

Lembrem-se: Eu odeio branco!!!

“Confesso acordei achando tudo diferente...”

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O rato roeu...

...o queijo do rei!

Um belo dia, o Rei esqueceu seu lindo queijo, em cima da mais bela mesa já posta em seu reinado.
Era um queijo muito amarelo, muito cheiroso e aparentemente saboroso.
Sem saber o Rei, que logo ali abaixo, um “Rato de Bueiro”, salivava a distancia, pensando nos pedaços do queijo que pudessem vir a cair.
Passaram-se dias e nada do Rei tocar o queijo.
O “Rato de Bueiro”, sendo ele muito esperto, sobe na mesa e sorrateiramente rouba o queijo.
Leva depressa para seu lar, prepara um lugar especial para começar a degustação. Idolatra aquele queijo como a um troféu. A maior conquista do malandro Ratinho.
Quando toma coragem de partir o queijo ele se frustra. Não gosta do seu sabor, acha forte, salgado. Chateado, deixa seu lindo troféu de lado e volta a comer o lixo do bueiro.
Enquanto isso, no castelo do Rei...
Todos estão mobilizados a procura do mais caro e belo queijo já produzido. Esquadrões mobilizados, população em euforia. Era um queijo raro, para poucos.
Os outros ratos, sabendo dessa movimentação, passam a venerar aquele tal “Rato de Bueiro”, que havia sido tão ousado.
A impetuosidade do Ratinho faz com que ele seja agora, o mais popular entre os seus.
Ele é esperto, não sabia onde ia chegar, mas sabia o que queria.
Logo se mudou, foi para um lugar mais limpo, com uma vista privilegiada. Levando sempre com ele o seu troféu, claro.
O Rei, ainda na esperança de encontrar o queijo que havia prometido a sua Rainha, mantém seus homens nas ruas na constante busca ao tão precioso bem.
O queijo, agora não tão mais novo e bonito, já não enfeitava a luxuosa casa do “Rato de Bueiro”. Fungos deixavam seu aroma ainda mais intenso. O Ratinho resistiu dias com aquela situação, a fama conquistada valia o sacrifício. Mas não durou muito. Cansado daquele cheiro que já incomodava até os vizinhos, resolve jogar o queijo no lixo.
Dia de festa no reino.
O queijo voltou!!!
E agora já estava no ponto. O Provolone que o Rei tanto quis dar a sua Rainha, finalmente estava pronto.
E o Rato?
Diante da grandeza da festa que o Rei promoveu em comemoração ao acontecido, o Ratinho ficou esquecido, diminuído.
E em seu discurso, o Rei agradece àquele que, mesmo roubando seu queijo, o preparou, e manteve intacto para o grande dia!

Obrigada aos Reis, Rainhas e “Rato de Bueiro” da minha vida!
Meu queijo está no ponto.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Escravos

Tenho pena dos acorrentados,
Dos que não se jogam em si.
Dos que tentam, mas nunca saberão se conseguem.

Não é que eles desistam, é que eles não vão até o estremo.
Não se permitem.
Não são felizes.

Eu me jogo, vou além daquilo que se chama limite.
Dou gargalhada, corro grito.
Choro quando dói.

[Geralmente dói]

Mas é por isso que eu me jogo.
Essa aflição me leva pra frente,
Impulsiona meus objetivos.

É sempre com o desejo de não errar mais, que eu vou continuar errando.
Movida pela pretensão de que um dia eu vou fazer dar certo.
Vou fazer o “eu”, virar “nós”.

[Vamos]

Quero arder.
Cobiçar tudo que sufoque minha alma na alegria de ser.
Existir em mim.

“Vou sendo como posso, jogando meu corpo no mundo”

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Retratos

E tudo estava lá, do mesmo jeito.
Tudo parecia estar a minha espera.

[Respirei]

Segui.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Tarefa de Casa

Ele sabe...

que eu corro quando chego na porta de casa,
que eu não gosto de andar “perto do murinho”
a minha cor preferida,
a música que eu choro,
cada curva do meu corpo,
lugares que me trazem lembranças,
quem é a pessoa que eu mais amo, e aquela que eu não gosto.

Sabe quando eu estou mentindo.
Quando eu não quero ir, e quando eu quero muito ir.
Sabe dar AQUELA massagem,
Agradar a família,
Meu sorvete preferido.

Sabe que eu odeio esperar.
Sabe a posição do ventilador para não me incomodar,
Sabe que eu adoro passar horas no twitter,
Sabe que eu adoro ver filmes que me faça chorar.
Sabe a rádio que eu gosto de ouvir quando entro no carro.

Sabe que eu detesto...
Comer verdura,
Me arrumar dia de sábado,
Levantar de madrugada para beber água (ele quem vai),
Mentira, puts! Ele sabe como eu odeio!

Ele sabe tanto, que parou de perceber as coisas mutáveis.
Parou de prestar atenção nos detalhes.
Parou de me notar.

“Você vinha dando sinais, e eu nem vi...”

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Ode aos Amantes

Façam hoje uma grande fogueira, comecem a incendiar um a um.
Comecem pelos bisnetos, netos e filhos de amantes – Filhos feitos com paixão e tesão.
Arranquem os amantes do seu fantasioso mundo encantado e joguem na fogueira, mas afastem-se rápido – Amantes causam combustão.
Queimem suas folhas recheadas de versos prontos para fazer mais uma vítima.
Joguem fora suas violas com extenso currículo de serenatas.
Aniquilem-os.
Salvem as mulheres de si mesma, salvem-as desse prazer de se libertar, ou vocês jamais conseguiram mantê-las prezas.
Salvem as gerações de mulheres infelizes e frígidas.
Salvem-as dos amantes e dos amores.
Preservem-as como sempre foi, numa prisão.
Sejam vocês, em um só, o nosso amor, amante e amigo.
Peguem na nossa mão como uma dama, mas nos arranquem a roupa como uma mulher.
Aceitem a Amélia e a Gabriela vestidas na mesma pele, mesmo quando for necessário que uma delas se afaste.

Vestir e cuidar...
Despir e amar...
Cuidar e despir...
Amar e vestir.

“O nosso amor é uma mentira que a minha vaidade quer...”

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Outdoors

Sabe quando a vontade é ficar só?
Se esconder do mundo e não ter que responder coisas do tipo:
- O que fez com seu cabelo hoje?
- Seu sorriso anda triste...

Queria que as 68 mensagens se transformassem em outdoors e assim as explicações seriam desnecessárias.
Todo mundo merece a chance de um recomeço. Ir para um lugar bem longe, mas muito longe.
Onde o vento fosse diferente, o rumo do mar fosse atraente.
Queria que as dúvidas que têm me cercado resolvessem me atolar de certezas – Meus duros 22 anos.
Se eu já senti isso antes, eu nem sei. Sei o que sinto agora, hoje!
Sei quem sou nesse instante, não no próximo.
A minha vontade de frear, me faz pisar forte no acelerador – Adoro dirigir!
O que eu quero tem nome, forma, cor e sorriso, muito sorriso.
O que eu quero tem ritmo, meu doce ritmo, mais novo que a Bossa.
O que eu sou hoje é o que eu quis, somado ao que eu ainda quero.
A soma da minha profunda raiz com a tal ilha deserta que tanto me encanta.
Tudo aquilo que não me permite ir embora, é exatamente o que me expulsa daqui.
O meu anseio de me preservar, me faz pular de cabeça.
Só não serei injusta, não agora, não comigo, não dessa vez.

“ As vezes me preservo, noutra suicido...”

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Mania de não gostar de branco

Me dá logo uma louca vontade de juntar letras, contar contos.
Quero logo espalhar ao mundo o sentimento que ronda meu coração, seja ele qual for, por quem for.

Quero logo pedir colo ao branco, contamina-lo com minhas confusões.
Suja-lo com as dúvidas e certezas de cada parte fragmentada que me forma.

Quero em azul, vermelho e preto, colorir minhas incertezas no branco.
Colorir cada palavra, me deixem pintar o 7.

O sentimento mais forte que sinto agora, nesse segundo, é a saudade.
Saudade das borboletas, do suspiro, do toque.

Saudade de estar presa nesses braços, nos meus braços que te abraçam.
Não conseguiria traduzir aquele gosto, aquele gostar.

Me jogar do abismo, não olhar para baixo. Cair de pé.
Cair com os sonhos ainda nas mãos, intactos.

Tornar inatingíveis vocês três que formam um.
O que me traz certezas, o que me traz conflitos, e o que me traz.


“Quanto querer trago em meu coração...”

Tenho Marcas.

Do tempo, da luta, da fuga.
Tenho marcas do sangue, do DNA, da alma.

Tenho as marcas que eu quis marcar em mim, tenho três.
Tenho meus três amores, amigos, companheiros, que costumo chamar de irmãos.
Minhas ESTRELAS, muitas vezes tortas, muitas vezes guias.

Tenho em mim a paixão pela música, mesmo tendo o peito dos desafinados.
A minha CLAVE afinada, somada ao meu SOL radiante. Meu pai e minha mãe.

Tenho o meu ardor, o ápice da mudança menina X mulher.
O grande encontro comigo, a quebra dos meus preconceitos.
A PIMENTA vermelha, como se ela pudesse me expulsar de mim.

(...)

Não estava me sentindo leve o suficiente para escrever aqui, nesse lugar tão meu.
Tive receio dos meus sentimentos, sempre tão expostos, gerarem expectativas ou coisas do tipo.
As pessoas têm mania de querer interpretar além do que se lê.
E o que eu quero dizer, é exatamente o que eu digo, sem entrelinhas.

Eu ouvi mais uma vez o som do coração.
Aquele descompassado que me faz querer ser, ao menos por um dia, poeta.
Só para conseguir escrever algo que rime com tamanho descompasso.

Sinto vontade de sambar, só para rimar.
Mas meu ritmo sempre foi a Bossa, a mais nova Bossa.
Faço um Samba com a Bossa, fecho bem os olhos, e me ponho a dançar.

Eita que coisa difícil de rimar.
Que história complicada de escrever.
Que sentimento arriscado de explicar.
Vou me calar.

Mais uma marca, mais um pedaço de exposição.
Mais um texto confuso.

“Bem no compasso, bem junto ao passo”